Blefaroplastia: o que é a cirurgia plástica que superou a lipoaspiração no ranking de procedimentos mais realizados

A técnica que remove o excesso de pele e as bolsas de gordura ao redor dos olhos se tornou a mais buscada por pacientes e tem atraído cada vez mais jovens

Em 2024, a blefaroplastia alcançou o topo no ranking global da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética e se tornou a cirurgia plástica mais realizada no mundo, desbancando procedimentos como a lipoaspiração, que aparece em segundo lugar, seguida por aumento de mamas, revisão de cicatriz e rinoplastia. Tradicionalmente associada a pacientes acima dos 50 anos, o procedimento – que consiste em remover excesso de pele e bolsas de gordura na região das pálpebras superiores e inferiores – vem conquistando um novo perfil: pessoas na faixa dos 20, 30 e 40 anos em busca de um olhar mais aberto e com aspecto descansado.

“As redes sociais e as reuniões por vídeo aumentaram a consciência sobre a própria imagem e o estigma da cirurgia plástica está diminuindo”, afirma o cirurgião Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). “Por ser uma cirurgia considerada mais simples, muitos pacientes jovens se sentem atraídos ao perceberem que não é um procedimento tão invasivo”, completa o médico sobre o crescente interesse na técnica. Mas o que significa a aderência desse procedimento por pessoas tão jovens?

O que é a blefaroplastia e como é feita a cirurgia?

A médica oftalmologista especialista em blefaroplastia Carolina Gracitelli explica que a blefaroplastia é uma cirurgia feita para retirar o excesso de pele e gordura nas pálpebras superiores ou inferiores. O procedimento é realizado com anestesia local e sedação – a anestesia geral é aplicada apenas em alguns casos. “O objetivo é remover todo o excesso de pele que pode ter se acumulado no olho devido ao envelhecimento, à gravidade e à perda de elasticidade”, indica a médica.

“A blefaroplastia não vai corrigir, por exemplo, linhas finas ou linhas de expressão. Para essas queixas, é necessário o auxílio de tecnologias específicas ou do uso de toxina botulínica. Da mesma forma, um edema mais baixo, como o edema malar (também chamado de feston malar), não é corrigido pela blefaroplastia. Por isso, é importante destacar que a blefaroplastia é uma cirurgia que apresenta algumas limitações e não corrige 100% das queixas nessa região palpebral”, completa Carolina.

Na pálpebra superior, a incisão acompanha o sulco natural, por onde o excesso de pele, músculo e gordura é removido, resultando em uma cicatriz que fica camuflada entre as dobras do olho. Já na inferior, o corte pode ser feito rente à linha dos cílios ou por dentro da pálpebra, na técnica batizada de transconjuntival, quando o problema é apenas o acúmulo de gordura. Depois de reposicionar ou retirar os tecidos, o cirurgião fecha as incisões com pontos quase imperceptíveis. O resultado procurado por muitos pacientes é um olhar mais descansado.

Por que tantos jovens têm aderido à blefaroplastia?

Tradicionalmente procurada por pessoas em faixas etárias mais velhas, a técnica passou a atrair, nos últimos anos, um público mais jovem, por volta dos 30 anos. Segundo especialistas, a busca dessas pessoas é por corrigir bolsas sob os olhos ou o aspecto de cansaço precoce, muitas vezes de origem hereditária.

Nesse cenário, médicos tem indicado a “mini” blefaroplastia, como uma opção para quem procura um olhar mais descansado sem recorrer a grandes intervenções. Enquanto a blefaroplastia tradicional é indicada para casos de excesso de pele, flacidez ou bolsas mais acentuadas, oferecendo um rejuvenescimento global da região dos olhos, a versão mini aposta na sutileza: corrige alterações discretas, tem recuperação acelerada e, em alguns casos, pode ser feita por via transconjuntival, ou seja, por dentro da pálpebra, sem cicatriz visível. “Em pacientes jovens, quando há apenas uma pequena bolsa de gordura ou leve excesso de pele, geralmente indicamos a blefaroplastia transconjuntival para remover as bolsas de forma delicada e sem marcas externas”, explica a oftalmologista Carolina Gracitelli.

A jornalista paulista Giulianna Campos decidiu passar pelo procedimento aos 37 anos. “Já fazia um tempo que eu estava muito incomodada com o excesso de pele na pálpebra inferior. Percebia uma flacidez na região onde a pele é mais fina, justamente o lugar que mais denuncia a idade. Eu, que sempre fui muito sorridente, comecei a evitar sorrir em fotos porque sentia que meu olhar estava pesado e marcado”, lembra.

No consultório, recebeu a indicação para tratar também a pálpebra superior. “A médica me explicou que isso traria um aspecto mais descansado e expressivo, que valorizaria ainda mais meu olhar. Ela estava certa”, diz. Outra descoberta importante foi entender que as “olheiras” que a incomodavam eram, na verdade, acúmulo de gordura na pálpebra inferior. “Isso retinha líquido e causava inchaço, o que eu tentava disfarçar com ácido hialurônico. Ao remover essa gordura, o inchaço sumiu e o contorno ficou uniforme”, acrescenta.

Paolo Rubez reforça que, mesmo para os mais jovens, a blefaroplastia tradicional, superior e inferior, continua sendo o padrão ouro quando há bolsas proeminentes ou flacidez acentuada. “O rejuvenescimento das pálpebras não depende apenas da pele. É preciso avaliar músculos, ligamentos e gordura. E, quando bem feita, a cirurgia é quase imperceptível, dando apenas a impressão de que o paciente está descansado.”

Quais os riscos da blefaroplastia?

“A pálpebra tem uma função muito importante de lubrificar e proteger os olhos, ela não pode nunca ser prejudicada visando priorizar a estética”, alerta a médica oftalmologista, que só realiza a cirurgia em casos de indicação. Embora a blefaroplastia seja considerada um procedimento seguro, mesmo os pacientes mais jovens precisam estar cientes de alguns riscos. Entre os efeitos mais comuns estão edemas e hematomas temporários, que normalmente desaparecem em poucos dias, mas podem causar desconforto e alterações estéticas momentâneas. Em casos de remoção excessiva de pele ou gordura, pode ocorrer dificuldade para fechar completamente as pálpebras ou ressecamento ocular, problemas que exigem acompanhamento médico. Outros riscos incluem assimetrias sutis no resultado final, cicatrizes pouco discretas ou infecções, eventos raros, mas possíveis em qualquer cirurgia. Por isso, especialistas reforçam a importância de avaliação individualizada, indicação criteriosa e expectativas realistas. “Lembrando que, em jovens, muitas vezes o objetivo é apenas refinamento e prevenção, e não uma transformação completa do olhar”, completa a médica Carolina Gracitelli.

Fonte: Vogue

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