Doenças de pele ameaçam o bem-estar emocional de crianças; entenda

Conviver com problemas como acne, psoríase e vitiligo aumenta o risco de bullying, o que pode causar impactos profundos na saúde mental de meninos e meninas

A maior parte das crianças em idade escolar com doenças de pele crônicas é estigmatizada, o que está associado à ocorrência de bullying e ao desenvolvimento de depressão. É o que revela novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, e publicado nesta quarta-feira, 24, na revista científica JAMA Dermatology.

A pesquisa foi feita com base em dados obtidos em mais de 30 centros de dermatologia pediátrica nos Estados Unidos e no Canadá entre novembro de 2018 e novembro de 2021. No período, foram analisadas informações de mais de 1,6 mil crianças de 8 a 17 anos com doenças de pele crônicas.

O estudo tinha como objetivo analisar se essas condições traziam desdobramentos além dos dermatológicos. O resultado indicou que 73% das crianças com doenças de pele crônicas, como acne, eczema, psoríase, alopecia areata (queda de cabelo) e vitiligo (perda de pigmento), são estigmatizadas e, muitas vezes, sofrem bullying.

Consequentemente, essas crianças têm a sua qualidade de vida afetada e acabam correndo um maior risco de desenvolver transtornos mentais como depressão e ansiedade.

Para a psicóloga Rita Calegari, do Hospital Nove de Julho, de São Paulo, esses desdobramentos fazem sentido, já que, por ser uma prática caracterizada por intimidações ou agressões repetitivas, o bullying tende a ter impactos mais profundos do que uma agressão pontual.

“O bullying faz com que a pessoa se sinta indesejada e humilhada simplesmente por ser quem é, o que pode levar a problemas de autoestima, transtornos de ansiedade, depressão e até a pensamentos suicidas”, alerta.

Outro aspecto destacado pela pesquisadora Amy Paller, uma das autoras pesquisa, é o prejuízo no desempenho escolar: por se sentirem mal, essas crianças não conseguem se concentrar nos estudos.

Tudo isso aponta para a necessidade de um cuidado mais amplo em relação às doenças de pele crônicas na infância, observou Amy, em comunicado. Segundo ela, “os médicos precisam perguntar às crianças e aos pais sobre o impacto dessas doenças e não apenas observar as manifestações clínicas visíveis”.

Fonte: Estadão

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