Estima-se que 80% das mulheres em idade fértil tenham miomas; somente o médico ginecologista poderá avaliar se a paciente precisará ou não realizar tratamento
Também conhecidos como fibromas, os miomas são tumores benignos do útero, ou seja, uma proliferação do tecido muscular e fibroso das camadas que envolvem o útero. Conforme a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), estima-se que 80% das mulheres em idade fértil tenham miomas.
A MC Katia morreu no último domingo, 13, após passar por complicações da retirada de um mioma no útero no início de julho. Ela sofreu uma trombose e teve de amputar a perna direita pouco depois.
Os miomas podem se localizar dentro da cavidade uterina (miomas submucosos), dentro da parede uterina (miomas intramurais) ou na superfície do útero (miomas subserosos).
Apesar da alta incidência, nem todas as mulheres precisam realizar tratamento, pois não chegam a apresentam manifestações clínicas. No entanto, somente o ginecologista poderá fazer o diagnóstico e a avaliação clínica. Ou seja, em muitos casos, o médico fará apenas um acompanhamento para verificar o crescimento dos miomas.
Vale lembrar que pacientes que têm casos na família de mãe ou irmã com mioma também precisam informar ao médico, pois há chance de também desenvolverem a doença, em razão do componente genético. Por isso, a consulta anual de rotina com o ginecologista é fundamental.
O que são miomas?
Conforme a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, os miomas são tumores uterinos benignos formados por tecido muscular causados por um distúrbio hormonal que faz que as células do tecido muscular da região se multipliquem de forma desordenada, enovelando as fibras musculares uterinas e formando nódulos.
“São totalmente benignos. Rara exceção que é uma degeneração de um mioma sarcomatoso que pode virar um câncer. Mas em geral, 99% dos miomas não evoluem para um câncer, o que é o medo das pacientes”, afirma Taís Calomeny, médica ginecologista.
Os miomas podem ser classificados em três tipos, variando de acordo com a localização na região do útero em que se desenvolve:
- Mioma subseroso – estão na parte mais externa do útero.
- Mioma intramural – estão dentro das paredes uterinas.
- Mioma submucoso – estão na parte interna, dentro da cavidade do útero.
Quais são as causas do mioma?
A causa ainda é desconhecida, mas sabe-se que seu crescimento depende de fatores hormonais, diminuindo de tamanho após a menopausa, segundo informações da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. Podem ser únicos ou múltiplos e desde bem pequenos até atingir enormes volumes.
“Ainda não sabemos ao certo porque os miomas aparecem, sabemos que há um componente genético, de histórico familiar, de mães que tiveram miomas, avós, isso tem um comprometimento familiar também. Mas a gente entende também que fatores como a obesidade e puberdade precoce também favorecer o aparecimento de miomas”, afirma Taís.
Em qual idade o mioma mais acomete as mulheres? Como interfere na gravidez?
Os miomas acometem as mulheres, principalmente, na fase reprodutiva da vida, isto é, na fase em que menstruam e podem engravidar.
“Os riscos, em geral, são os riscos de atrapalhar o desejo de uma gestação, quando o mioma está dentro da cavidade uterina. Ou mesmo um mioma no meio do músculo, que é o mioma intramural, que cresce muito durante uma gestação, podendo atrapalhar ou inviabilizar a gestação, acrescenta a médica ginecologista.
Existe o risco de o mioma provocar abortos?
Conforme a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, os miomas podem ocupar qualquer posição no útero e, quanto mais perto da parte central se desenvolverem, maior a probabilidade de provocarem sangramento e de dificultarem uma gravidez, levando a quadros de abortos.
Quais são os principais sintomas do mioma?
- Sangramento, cólica e fluxo irregular de menstruação – podendo resultar em anemia.
- Dor pélvica é mais um sintoma frequente.
- Dificuldade para engravidar.
- Alguns sintomas compressivos podem ocorrer: aumento da frequência urinária, retenção de urina, constipação e compressão dos vasos pélvicos, causando varizes e inchaços nas pernas.
“Outro sintoma importante é o aumento do volume abdominal. Às vezes, mulheres magras parecem grávidas por causa do aumento do abdômen provocado pelo crescimento do mioma”, acrescenta a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
Como é feito o diagnóstico do mioma?
O diagnóstico pode ser realizado pelo exame físico, mas a ecografia pélvica transvaginal confirma o diagnóstico e exclui outras patologias.
E o tratamento?
O tratamento deve ser individualizado, dependendo da presença ou não de sintomas, além da idade da paciente.
Por meio de exames, o médico irá acompanhar e controlar o crescimento do mioma. Em algumas situações,
“O tratamento pode envolver a administração de medicamentos, assim como a realização de cirurgia: miomectomia (retirada só do mioma) ou histerectomia (retirada de todo o útero)”, complementa a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
Para mulheres acima dos 35 anos e com filhos, o médico pode indicar a cirurgia de histerectomia, que consiste na retirada completa do útero. Em pacientes que desejam manter o útero, o procedimento pode ser realizado para a retirada dos miomas, mas há possibilidade de que novos miomas apareçam.
Para mulheres que ainda não são mães, mas desejam engravidar, em razão de impactar na dificuldade de engravidar, o médico fará um tratamento individualizado até mesmo para evitar abortos.
No entanto, apesar da alta incidência, nem todas as mulheres precisam realizar tratamento, pois não chegam a apresentam manifestações clínicas. Ou seja, em muitos casos, o médico fará apenas um acompanhamento para verificar o crescimento dos miomas.
Qual a importância do acompanhamento ginecológico de rotina?
É importante que a mulher visite o seu ginecologista anualmente. Com a realização de exames ginecológicos de rotina (como a ultrassonografia) é possível descartar ou descobrir o mioma precocemente.
Fonte: Estadão